Sinto saudades. Supostamente devia sentir saudades de algo ou alguém. Mas não. Sinto saudades de mim. Talvez de ti também, ou de nós. Sinto, em suspiros de querer matar saudade, a solidão que permanece em arrepios do vento, tão só, tão frágil e frio. Sinto uma dose de pretérito em mim, que trazia muito de ti. Mas nós não mudamos, mudam-nos. A tua ausência tão nua e tão crua fez-me esquecer todo o sangue derramado em lágrimas por ti. No fundo, a saudade é tudo o que vive em mim. A saudade completa o vazio que ficou. A saudade fez-me divagar na imensa vontade que outrona tinha de te abraçar. A saudade ficou no silêncio constrangedor em que não me disses-te o que te segredava o coração. Afinal, a saudade é apenas um rascunho do que eu era e não o medo de não voltar a dar-te de mim. Hoje descubro que não eras uma parte, mas sim uma vida que fugiu. Ainda assim, pior que perder-te como amor, é perder-te como pessoa e é tão fácil sentir saudade. Ela é curta, mas, cria uma marca tão grande.